Crédito-Marcus Desimoni/WWF-Brasil

Por que cuidar do Cerrado?

Apesar de sua importância para o Brasil e para o mundo, o Cerrado é alvo de uma ocupação irregular e descontrolada de suas áreas.

Em seus mais de 2 milhões de km²de extensão no território brasileiro, o Cerrado é rico em raízes, cascas, resinas, óleos, folhas, argilas, água, e outros diversos recursos naturais, que são minuciosamente manejados por seus povos na prática da medicina popular.

O Bioma tem mais de 200 espécies de plantas medicinais e de 400 outros tipos vegetais que podem ser utilizadas tanto de forma sustentável na recuperação de solos degradados quanto para alimentação de animais e seres humanos.

É lá que se encontram as cabeceiras da maioria dos principais rios e bacias hidrográficas do país, o Xingu, São Francisco, Tocantins-Araguaia, Parnaíba, bacia do Tapajós, os afluentes da margem direita do rio Paraná e também todos os rios que formam o Pantanal! Das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras, oito são irrigadas pelo Cerrado, sendo que seis delas estão dentro do Bioma.

Como bem disse uma vez o grande poeta do sertão, Guimarães Rosa, “a água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba”.
Não deixe o Cerrado secar e o Brasil perder uma de suas maiores riquezas!

O Cerrado também é a casa de uma variedade de mamíferos de diferentes portes. A maioria deles encontra-se ameaçada de extinção, como o lobo-guará, a onça pintada – o maior felino das Américas -, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra e o morceguinho do Cerrado, uma espécie única no mundo.

Saiba como mobilizar seus amigos e amigas e sua comunidade. Conheça algumas ferramentas de divulgação e dê vazão aos rios da sua imaginação!

eu quero ser ativista do cerrado

Crédito-Marcus Desimoni/WWF-Brasil

Quem vive no Cerrado?

No Cerrado vivem aproximadamente 25 milhões de pessoas, ou seja, 12% da população nacional, dentre eles em torno de 80 etnias indígenas e diversas comunidades quilombolas, além de trabalhadoras e trabalhadores extrativistas, geraizeiros e geraizeiras, vazanteiros e vazanteiras, quebradeiras de coco, ribeirinhos e ribeirinhas, pescadores e pescadoras artesanais, barranqueiros e barranqueiras, fundo e fecho de pasto, sertanejos e sertanejas, ciganos e ciganas, entre tantos outros. 

Além de sua relevância ecossistêmica, o Cerrado também resguarda grande patrimônio histórico e cultural do Brasil. Essas pessoas compartilham o conhecimento tradicional sobre o uso da biodiversidade e dependem de seus recursos naturais para sobreviver e gerar renda. Os povos tradicionais e originários desenvolveram um conhecimento especializado sobre o uso dos recursos naturais, da terra, dos frutos, do clima e dos ritmos da natureza e, de uma maneira geral, promovem a conservação do Bioma e a valorização da sua biodiversidade. 

E se não cuidar?

Sem as chuvas e as vegetações típicas do Cerrado, o risco ambiental e de prejuízo para subsistência de inúmeras comunidades é enorme! É só pensar nas mais de 50 espécies de frutas típicas do Cerrado, que são usadas e comercializadas pelas comunidades como pequi, buriti, jatobá e araticum. Devido à escassez e a falta de água, algumas espécies necessárias para a alimentação e economia das comunidades estão ameaçadas.
Além disso, conter o desmatamento é um dos maiores desafios na região. Em sete anos, a área natural encolheu de 75% para 63%, e foi substituída principalmente por plantações em larga escala de soja, eucalipto e pastagens. Povos e comunidades tradicionais já sofrem com escassez de água na estação seca e pesquisas indicam que veredas e rios da região podem secar no período de 20 anos. O alerta é grave não só em âmbito regional, mas também para a Bacia do Rio São Francisco, que abastece sete estados brasileiros. 

Fontes: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), International Union for Conservation of Nature (IUCN), Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF).